domingo, 27 de março de 2011

MARCELO GLEISER Quem teme a Singularidade?

Um bom artigo do famoso físico Marcelo Gleiser na Folha de S. Paulo de hoje sobre a singularidade e o documentário "Trancendent Man" (o assunto tem ganhado crescente espaço na mídia desde 2009). Gleiser evita o clichê pseudo-cult de criticar a ideia sem apresentar fundamentos consistentes, apenas porque ela parece fantástica. E faz uma declaração corajosa: "Kurzweil não é nem bobo nem louco. Apesar de ter vários críticos, é um inventor reconhecido, vencedor de vários prêmios. (...) Será que devemos levar isso a sério? Sim, devemos. Apesar de várias questões (a extrapolação de Kurzweil é baseada em dados passados; não há garantia que funcionará no futuro), nossa simbiose com as máquinas de silício é cada vez maior."
Trechos do artigo abaixo. O assinante da Folha e do UOL pode ler o texto completo aqui.


MARCELO GLEISER

Quem teme a Singularidade? 


A crença na imortalidade por meio das máquinas lembra outra muito antiga, no triunfo da alma humana


VOCÊ ESTÁ preparado para virar um deus? "A Singularidade Está Próxima" é um documentário dirigido por Anthony Waller e codirigido pelo famoso inventor e autor Ray Kurzweil. No Brasil, existe a tradução do seu "A Era das Máquinas Espirituais", pela editora Aleph. Eis a sinopse do filme:
"No século 21, nossa espécie vai se libertar do seu legado genético e atingirá um nível inimaginável de inteligência, progresso material e longevidade; consequentemente, a definição de "ser humano" será enriquecida e transformada. O celebrado futurista Ray Kurzweil apresenta uma visão que é a culminação dramática de séculos de desenvolvimento tecnológico e que transformará o nosso destino". 
De acordo com Kurzweil, o avanço tecnológico e, em particular, o avanço na velocidade de processamento e de memória de dados, é tão rápido que em breve atingiremos um ponto no qual máquinas serão capazes de superar o cérebro humano. Ele prevê que a humanidade atingirá um ponto final, a "Singularidade". De lá em diante, algo novo e imprevisível, talvez um híbrido de máquina e humano, talvez apenas máquina, existirá, matéria inanimada imitando a vida em estado de animação virtual. 
A esperança de Kurzweil e outros entusiastas da Singularidade é que velocidades altas de processamento, mais o acesso ilimitado a dados, podem simular o cérebro: máquinas com altíssima complexidade computacional podem criar uma ultrainteligência emergente. Humanos, preparem-se, pois o seu fim está próximo! E a data foi marcada para 2045.
(...)

MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita"


 * * *
 
PARA SE APROFUNDAR
Quem quiser se aprofundar sobre a plausibilidade científica e filosófica da singularidade tecnológica:
- A plausibilidade científica e a questão cronológica (quanto tempo demorará?) da singularidade:
BOSTROM, Nick. How long before a superintelligence?
- A plausibilidade da ideia e consequências filosóficas da singularidade:
CHALMERS, David (2010). The Singularity: A Philosophical Analysis (texto denso)

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